Pernambuco é um estado da Região Nordeste do Brasil. Tem fronteiras ao sul com os estados de Alagoas e Bahia, a oeste com o Piauí, ao norte com o Ceará e a Paraíba (todos na mesma região nordeste), e a leste com o Oceano Atlântico. A capital de Pernambuco é Recife, cidade à beira-mar fundada no século XVII. A Região Metropolitana de Recife conta hoje com 14 municípios (incluindo Olinda, também fundada no século XVII) e cerca de três milhões e setecentos mil habitantes.
Recife é uma cidade cortada por diversos rios, e seu centro histórico e antigo porto se situa em uma ilha, hoje conhecida como “Recife Antigo”. Após passar por importante restauração arquitetônica nos anos 1990, o Recife Antigo passou a abrigar diversas opções de lazer, museus, bares e restaurantes, além de uma rede de empresas de computação chamada de Porto Digital. É nesse Recife Antigo, dinâmico e revitalizado, que ocorrerá nosso congresso, tendo como sede principal o Paço do Frevo, antigo casarão reformado que hoje abriga o mais importante espaço musical da cidade.
Recife e a música
Pernambuco tem fortes tradições musicais em todos os gêneros. A Orquestra Sinfônica do Recife, fundada em 1930, é considerada o mais antigo conjunto deste tipo em atividade ininterrupta no país. O Conservatório Pernambucano de Música, hoje pertencente ao governo do Estado, foi fundado também em 1930 pelo mesmo grupo de músicos. O Teatro de Santa Isabel foi desde o século XIX palco de uma intensa atividade musical, com destaque para a ópera. Primorosamente reformado no ano 2000, ele é hoje a sede da Orquestra Sinfônica do Recife.
Pernambuco é berço de gêneros-chave da música popular brasileira. O frevo, marcha carnavalesca tocada por orquestras de metais e palhetas, foi criado no início do século XX, em diálogo com a acrobática dança do mesmo nome. O maracatu é a expressão musical das chamadas “nações” africanas, agrupamentos afrodescendentes que saem no carnaval ao som de cantos e tambores. O maior ícone musical da região Nordeste, o cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, nasceu no sertão de Pernambuco. Nos anos 1940, no Rio de Janeiro, junto com Humberto Teixeira e outros colaboradores, criou ou consolidou gêneros como o baião, o xote e as marchas juninas, hoje reunidos sob o guarda-chuva do forró, dança nordestina de par enlaçado, internacionalmente difundida. Nos anos 1970, o Movimento Armorial, criado pelo escritor Ariano Suassuna e seus colaboradores, trouxe para a música urbana o som de pífanos, rabecas, violas e marimbaus da zona árida do sertão nordestino.
Nos anos 1990, outro movimento, o mangue beat, ajudou a deixar Recife em evidência na cena da música brasileira e internacional. Assim como fizera anteriormente o Armorial, o mangue beat chamou a atenção para a imensa riqueza das tradições musicais populares da região Nordeste, incluindo cocos, maracatus, cirandas e muito mais. Esta riqueza se traduz também, por exemplo, no fato de que Pernambuco é hoje o estado brasileiro com o maior número de formas de expressão musicais registradas como Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro: os caboclinhos, a ciranda e o cavalo-marinho, entre outros. Nenhum outro estado brasileiro tem tantas formas de expressão de música e dança com o mesmo reconhecimento nacional. O frevo é também, desde 2012, uma das poucas expressões musicais brasileiras reconhecidas pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Este histórico e este presente fazem de Pernambuco um estado musicalmente vibrante, marcado por encontros, interinfluências e movimentos. Por isso, a música aqui produzida vem se projetando pelo Brasil e por outros países, como prática e como assunto de publicações e trabalhos acadêmicos. Não poderia estar alheia a isso a principal instituição acadêmica do próprio estado: a Universidade Federal de Pernambuco.
A Universidade Federal de Pernambuco
A UFPE é uma importante instituição universitária, sendo considerada, em diversas avaliações, a melhor entre as universidades brasileiras das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Ganhando seu nome atual e estruturação básica em 1967, a UFPE se espalha hoje por quatro campi – Recife/Cidade Universitária, Recife/Centro, Agreste/Caruaru e Vitória de Santo Antão. Conta com mais de 42.000 estudantes, distribuídos nos 100 cursos de graduação e nos 145 cursos de pós-graduação, a UFPE abriga mais de 650 grupos de pesquisa vinculados a seus programas de pós-graduação, abrangendo diversas áreas do conhecimento.
Os cursos de Música da UFPE foram criados em 1960. Inicialmente, faziam parte do Departamento de Artes, ganhando autonomia administrativa em 1987. Oferece cursos de licenciatura e bacharelado, atendendo a cerca de 450 estudantes, e contando com cerca de 40 docentes. A criação de um Programa de Pós-Graduação em Música, porém, só se concretizou em 2016.
O Programa de Pós-Graduação em Música da UFPE
O PPGMúsica-UFPE originou-se de um projeto amadurecido por vários anos no Departamento de Música da universidade. Começou a tomar sua forma atual em 2015, quando se constatou que “música” é um tema de pesquisa acadêmica que se expande muito além das fronteiras dos departamentos de música universitários. Mais especificamente, descobrimos que “Música e Sociedade” era uma temática capaz de aglutinar colegas que já vinham trabalhando com temas correlatos em diversos departamentos e centros da UFPE. Assim, nosso Programa reúne colegas dos departamentos de sociologia, educação, e comunicação, além de colegas com doutorados em antropologia e história. No próprio departamento de música, o programa acolhe colegas com formação em etnomusicologia, educação musical, estudos da música popular e sociologia da música. A área de concentração do Programa é “Música e sociedade”, e suas linhas de pesquisa, “Música, cultura, sociedade” e “Música, educação, sociedade”.