Chamada: Dossiê “Juventudes e Músicas Digitais Periféricas. Prazo de envio de contribuições: 31 de Maio de 2017.


Organizadores: Frank Marcon (UFS-BR), Livia Jiménez Sedano (INET-MD/UNL-PT), Otávio Raposo (CIES/IUL-PT).

Nos últimos anos, uma série de ritmos musicais foram gerados e difundidos no triângulo pós-colonial entre África, América e Europa e que estão a triunfar a nível global: a kizomba, o kuduro, o rap, o funk, o forró, a salsa, entre outros. Tais expressões musicais têm se globalizado a um ritmo vertiginoso através das migrações internacionais e de plataformas comunicativas fundamentais na era/geração digital (Feixa, 2015) tais como youtube, spotify e facebook.

Esses ritmos têm invadido espaços sonoros quotidianos tanto na internet quanto em canais de televisão, rádios comerciais, espaços públicos e pistas de dança de ambos os lados do Atlântico (Kabir 2014). Ao incorporar-se a novos contextos, adquirem novos significados políticos e sociais, promotores de sociabilidades alternativas e estilos de vida inovadores, passíveis de, por vezes, subverter as dinâmicas de segregação urbana, racismo, pobreza e violência. Nesses trânsitos musicais, de pessoas e de experiências, também emergem questões de poder implicadas pelas diásporas e pelas memórias relativas ao colonialismo.

O papel de mediação de sentidos sociais através da música tem-se mostrado intenso nas pistas de dança, bares, ruas, bairros e lugares associados à presença migratória. Produtores, DJs, MCs, músicos e dançarinos são alguns dos agentes que dinamizam rituais de produção musical e reuniões dançantes, articulando polifonias de discursos e sentidos sobre tais experiências. As novas tecnologias e redes digitais são basilares nesses processos, ao propiciar que artistas vinculados a áreas marginalizadas dos centros urbanos possam romper o bloqueio da indústria cultural.

O objetivo deste dossiê é explorar desde os rituais de sociabilidade e performance protagonizados pelos jovens periféricos nos espaços mencionados; às suas narrativas discursivas, rítmicas e corporais; até os processos da economia da cultura numa perspetiva dos novos circuitos e experiências profissionais, bem como em termos de consumo cultural, representação política e disputas de poder. Também pretendemos debater o papel de certos atores nesses processos – produtores, músicos, dançarinos e djs -, cuja agência e produção cultural configuram novas formas de entendimento sobre a sociedade contemporânea. Para isto, partimos da perspetiva antropológica, embora interdisciplinar, aberta também as contribuições de outras disciplinas afins como a sociologia, a etnomusicologia, as ciências da comunicação, as artes e os estudos urbanos e da performance.

Como resultados esperados, pretendemos oferecer um panótico de perspetivas das diversas ciências sociais sobre as expressões artísticas ligadas à música digital, assim como contribuir para a reflexão mais geral sobre os modos pelos quais as esferas da arte e cultura adquirem um alto valor simbólico na configuração tanto de projetos profissionais como de “redes de significado” (Geertz, 2008) que servem de contraponto ao estatuto subalterno a que muitos são relegados. Pretendemos destacar, também, os papéis ocupados pelos jovens periféricos no manejo das músicas digitais, bem como as suas experiências e percursos de vida nos distintos contextos de poder implicados pela idade, pela classe, pela etnia, pela religião, pelo género e/ou pelo estilo de vida.

Para tanto, convidamos aos interessados nestas reflexões, que nos enviem suas contribuições à publicação do Dossiê Juventudes e Músicas Digitais Periféricas, nos formatos aceites pela revista Cadernos de Arte e Antropologia: Artigos, Ensaios, Ensaios (audio)visuais, Etno-artes e Diários de campo, com atenção às normas sobre sessões e as informações sobre submissão constantes no endereço eletrônico da revista.

Todas as contribuições deverão ser submetidas pelo portal da revista Cadernos de Arte e Antropologia e estar em acordo com as regras para submissão de artigos definidas no portal http://cadernosaa.revues.org/. Contato para esclarecimentos adicionais: [email protected].

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